Takayuki Aoki segurando uma pelúcia de Totoro, símbolo do estúdio Ghibli e personagem de um dos filmes |
No último domingo (4), os fãs de animes tiveram um grande motivo para comemorar. Pela primeira vez, um produtor do Ghibli – simplesmente o maior estúdio de animação japonesa do mundo – marcou presença em solo brasileiro. Para falar sobre o processo de criação e seus outros projetos relacionados ao estúdio, Takayuki Aoki foi o convidado do centro de exposições Japan House, recentemente inaugurado na Avenida Paulista, em São Paulo.
O produtor trabalha há oito anos no estúdio Ghibli e já participu da produção de filmes importantes e famosos, como "Ponyo", "Vidas ao vento", "O conto da princesa Kaguya" e "As memórias de Marnie". Não só isso, Takayuki Aoki também foi o responsável pelas exposições "Ghibli Architecture in Animation" e "When Marnie was there", ambas realizadas no Japão, além da "Ghibli Expo", uma retrospectiva dos 30 anos de estúdio e que atraiu mais de 500 mil visitantes apenas em Tóquio.
Nem no Japão tanta gente assistiu aos nossos filmes.
Ao final da palestra, ele foi atencioso com todos que foram até ele: tirou fotos, autografou papéis e recebeu presentes. Eu também consegui uma foto com o Takayuki! 😊👏🏻🎉
Confira o vídeo que fiz da palestra:
Ghibli Architecture in Animation
Em 2015, no Japão, Takayuki
Aoki idealizou uma de suas
várias exposições relacionadas
ao estúdio Ghibli. Dessa vez, o
tema da exposição "Ghibli Architecture in Animation" foram as edificações
e estruturas dos mais de trinta filmes feitos até hoje,
os quais foram transformados
em esculturas em 3D, ricas em
detalhes e cores.
Na palestra em São Paulo,
Takayuki disse que a ideia para
a exposição surgiu da vontade
de mostrar para as pessoas
todo o cuidado que os desenhistas
do estúdio têm quando
estão montando os cenários dos filmes, que, por se tratarem
de películas em 2D, não
conseguem transmitir toda a
produndidade e detalhamento
com os quais são tratados durante
a produção.
Não só isso, ele também quis mostrar que as edificações que são colocadas nos filmes podem se tornar realidade. Por meio das estruturas da exposição, Takayuki teve o objetivo de expor, principalmente para arquitetos, que as edificações dos filmes do estúdio têm condições de saírem do papel.
Ele ainda contou que o segredo para criar tais estruturas nos filmes se divide em duas partes. A primeira "see closely/carefully" (ver de perto/cuidadosamente) requer não apenas o olhar, mas tocar no material que possa servir de base. A segunda "imagine and sketch" (imagine e rabisque) é não só tirar foto de algo da vida real, mas imaginar quem vive ali, o que se faz ali dentro.
Ele ainda contou que o segredo para criar tais estruturas nos filmes se divide em duas partes. A primeira "see closely/carefully" (ver de perto/cuidadosamente) requer não apenas o olhar, mas tocar no material que possa servir de base. A segunda "imagine and sketch" (imagine e rabisque) é não só tirar foto de algo da vida real, mas imaginar quem vive ali, o que se faz ali dentro.
Estrutura arquitetônica de “A viagem de Chihiro”, no filme (esquerda) e na exposição de Takayuki (direita) |
Processo de criação dos filmes
Na segunda parte da palestra, Takayuki Aoki falou sobre o processo de criação das animações do estúdio Ghibli. Para fazer filmes tão coloridos e sempre ricos em detalhes, o estúdio de Hayao Miyazaki divide a produção em sete grandes e principais etapas. A começar pelo story board, que consiste em traçar as características dos personagens: desde seu nome, sua idade, sua personalidade, sua história até sua fisionomia e suas vestimentas.
Exemplo de continuity |
O layout promove a integração de dois departamentos diferentes do estúdio Ghibli: os projetistas e os desenhistas. Eles pegam o trabalho que foi feito no continuity e acrescentam muito mais detalhes às cenas. Cores, materiais, texturas, sombras, profundidades – tudo em apenas uma folha. Depois, vem key and between animation, que é a etapa na qual se começa a dar movimento aos personagens e cenários, como a intervalação e ritmo dos passos de uma pessoa ou animal e galhos de árvore balançando com o vento.
Daí, para colorir todos esses projetos, principalmente os personagens e outras criaturas vivas, entra o painting. Já para dar cor aos cenários, edificações, luzes e sombras, entra a etapa background. E, por fim, está o picture taking, que, basicamente, consiste em dar os últimos retoques nos projetos, como profundidade e filtros, antes de eles serem todos encaminhados para a digitalização e, enfim, virar o filme que assistimos pronto.
É, não é nada fácil produzir um filme de animação. Para se ter uma ideia, produzir um filme desse tipo, leva-se, em média, dois a três anos até ser concluído. O filme "As memórias de Marnie", então, levou quase oito. Outra curiosidade interessante que Takayuki compartilhou durante a palestra foi a quantidade de folhas desenhadas (que eles chamam de quadros) que são precisas para fazer uma animação. Em um filme com duração de duas horas, faz-se cerca de 100 mil quadros.
Takayuki ainda disse que, apesar de cada etapa contar com sua própria equipe de profissionais especializados, o segredo do estúdio Ghibli está na paixão e na criatividade elevada, antes de qualquer outra habilidade. E não é a toa que que o estúdio de Hayao Miyazaki faz tanto sucesso mundo afora: filmes que contam boas histórias acompanhadas de protagonistas corajosos, cenários super coloridos e trilhas sonoras fantásticas.
Alguém imaginava que dava tanto trabalho para produzir uma animação? Conta pra gente nos comentários e não esquece de curtir a nossa página no Facebook para não perder nenhuma novidade!
Takayuki ainda disse que, apesar de cada etapa contar com sua própria equipe de profissionais especializados, o segredo do estúdio Ghibli está na paixão e na criatividade elevada, antes de qualquer outra habilidade. E não é a toa que que o estúdio de Hayao Miyazaki faz tanto sucesso mundo afora: filmes que contam boas histórias acompanhadas de protagonistas corajosos, cenários super coloridos e trilhas sonoras fantásticas.
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